domingo, 22 de maio de 2016

O top 5 dos treinadores em Portugal


       
       
        1. Rui Vitória

Muitos já se terão esquecido do início conturbado de Rui Vitória no Benfica. Quando Jorge Jesus trocou o Benfica pelo Sporting, os adeptos insurgiram-se. Figuras públicas acompanhavam adeptos que criticavam a postura da direção de o deixar sair e outros pediam Marco Silva como vingança. Isto já com Rui Vitória acordado.
O fraco investimento no mercado (menos de metade do dinheiro investido na última época) e a postura do “vamos apostar na formação” aumentavam o receio nos adeptos benfiquistas. E foi Rui Vitória que lhes trouxe confiança.
Rui Vitória resistiu com classe a insultos do ex-treinador do Benfica. Conseguiu equilibrar a equipa com as muitas lesões (Salvio, Luisão, Lisandro, Gaitan, Fejsa, Nélson Semedo, etc). E conseguiu manter-se fiel aos seus princípios perante maus resultados. Por fim, num clube onde se dizia que os miúdos teriam que nascer 10x, Rui Vitória lançou Lindelof e Renato Sanches para o estrelato. Em meros 6 meses.
E os resultados falam por si: 88 pontos no campeonato (mais 3 pontos que o melhor de Jorge Jesus), quartos-de-final da Liga dos Campeões (o melhor de Jorge Jesus em 5 participações) e Taça da Liga conquistada com goleada na final.


        2. Lito Vidigal

Na penúltima jornada de 2014/15, o Arouca assegurava a manutenção mesmo perdendo em Setúbal. Na penúltima jornada de 2015/16, o Arouca de Lito Vidigal assegurava a presença na Liga Europa da próxima época, com o 5º lugar conquistado.
O Arouca de Lito Vidigal perdeu apenas 6 vezes neste campeonato. Menos 1 derrota que o FC Porto e menos 2 que o SC Braga. Venceu Benfica em Arouca e o Porto no Dragão. Estiveram invictos 7 jornadas consecutivas, e por 2 vezes.
É a terceira vez que disputam o campeonato principal, sendo que nas duas anteriores só na penúltima jornada asseguraram a manutenção. Pela primeira vez na sua história vão participar numa prova europeia.
Na Taça de Portugal, foram eliminados em Braga.

   3. Paulo Fonseca

Os 15 pontos de diferença para o 3º classificado (FC Porto) não demonstram a qualidade da época do SC Braga. Aliás, os 58 pontos desta época são os mesmos que Sérgio Conceição conseguiu na época passada. Mas este Braga tem de ser visto globalmente.
Vencedor da Taça de Portugal, quartos-de-final da Liga Europa e meias-finais da Taça da Liga. Paulo Fonseca optou por não desgastar os seus jogadores num campeonato tranquilo e apostar nas outras competições.
O Braga fez um campeonato sólido. Sobretudo em casa onde apenas perdeu para Benfica e Sporting. Mas ninguém duvida que o Braga mais forte teria feito mais. Mas a gestão do plantel foi virada para outras competições e a carreira na Liga Europa é de assinalar.
E é preciso ainda não esquecer as saídas importantes da equipa. De Pardo a Éder, de Zé Luís a Pedro Tiba ou ainda Danilo e Aderlan Santos.

    4. Petit

Na época passada, o Boavista de Petit terminou o campeonato com uns confortáveis 11 pontos acima da zona de despromoção. Ninguém diria, mas Petit conseguiu-o.
Esta época, Petit abandonou o cargo no Boavista deixando o clube com 2 pontos acima da zona de despromoção, num 15º lugar. Deixava também o clube ainda a competir na Taça de Portugal.
Pouco depois, aparece o convite do Tondela que tinha dispensado Rui Bento. Parecia uma missão impossível. 5 pontos em 12 jornadas. 1 vitória em 12 jogos. Eliminados da Taça de Portugal e Taça da Liga.
Petit pegou na equipa e revolucionou-a. Cada jogo seria uma batalha. Ganhou no Dragão, empatou em Alvalade. Nas últimas 8 jornadas perdeu um jogo (em Braga). Nessas 8 jornadas venceu Académica, União e Setúbal, adversários na luta pela manutenção.
Petit conseguiu o que ninguém esperava: salvar o Tondela na sua estreia no principal escalão.
E quem o acusa de futebol defensivo, atente: quando chegou a Tondela, o clube era o pior ataque da Liga. Petit conseguiu passar Boavista, União e Académica. E falar em golos é falar em Nathan Júnior que não tinha marcado até ele chegar mas em 22 jornadas com Petit marcou 13 golos.

5. Jorge Jesus

É certo que o Sporting acaba a época apenas com uma Supertaça. Mas o Sporting explodiu no campeonato. E com um pouco de sorte teria sido campeão. Nunca os leões tinham vencido tanto no campeonato. E há muito que não perdia tão pouco nem marcava tantos golos.
Na Taça de Portugal caem em Braga naquele que terá sido provavelmente o jogo do ano em Portugal.
Na Liga Europa passaram a fase de grupos, de forma tremida, e foram eliminados pelo Leverkusen.
Um dos destaques desta época leonina foi a rotação da equipa. Jorge Jesus terminou a época com uma equipa bem diferente a que começou. A defesa mudou toda. E ainda assim, bateram o recorde de vitórias do clube.



sábado, 21 de maio de 2016

O ano de Vitória

No Verão de 2015, os benfiquistas ficaram em choque quando souberam que Jorge Jesus tinha trocado o Benfica pelo Sporting. De ataques à direção a pedidos e petições por Marco Silva como vingança, Rui Vitória teve um regresso complicado ao clube do seu coração. Aliado a tudo isso, Luis Filipe Vieira mostrava-se intransigente quanto à sua política de apostar nas camadas jovens. O Benfica apostava pouco no mercado e gastaram menos de metade da época passada.

A derrota no Algarve para a Supertaça aumentou a revolta e o medo dos adeptos benfiquistas. O arranque do campeonato não foi o melhor. E a perder 3-0 na Luz, e confirmados 7 pontos de atraso para o Sporting pareciam antecipar a queda do poder encarnado. Mas aí surge o 1º momento da época benfiquista: milhares de adeptos levantam-se e puxam pela equipa.

A melhoria da equipa era notória. Mesmo com lesões, Rui Vitória que se mostrara inflexível em mudar a sua forma de jogar, provava ter razão. O Benfica recuperara 3 pontos aos rivais e tinha o apuramento na Champions garantido. E em Janeiro surge o 2º momento: Jorge Jesus insulta Rui Vitória, continuando o jogo de provocações. Rui Vitória responde com resultados. 26 jogos, 23 vitórias. Apenas perde com FCP e Bayern. Dentro dessas 23 vitórias, figura a vitória em Alvalade.


E no fim da época, com uma campanha europeia de assinalar, um campeonato soberbo e uma Taça da Liga ganha com goleada, qual a resposta de Rui Vitória para quem o atacou? Nenhuma. Rui Vitória foca-se nos seus jogadores e no seu momento. Um momento bem merecido.

Pelo caminho ficarão as “explosões” de Renato Sanches, Lindelof e Nelson Semedo. Ficarão também as inúmeras lesões que Rui Vitória fez esquecer. Ficarão ainda os 122 golos marcados em 52 jogos oficiais. E por fim, ficarão as 40 vitórias de Vitória.

O futebol de Rui Vitória que teimosamente manteve caracterizou-se pelo ataque. Em todos os jogos, o Benfica criou oportunidades de golo. Por isso não é de estranhar os números do ataque do clube. 


A época do Benfica mostrou um crescimento brutal dos seus jogadores. De Renato Sanches a André Almeida, de Lindelof a Ederson. E um top 5 de jogadores teria de contar com Jonas, Mitroglou, Renato, Pizzi e claro, o capitão, Gaitan.

Foi a melhor época do Benfica dos últimos 10 anos. Uma época liderada por um homem que com tanta pedra no caminho construiu mesmo um castelo. Um senhor.



quarta-feira, 18 de maio de 2016

No "ano dos espanhóis", o Celta surpreendeu

Real Madrid, Atlético de Madrid e Sevilha. 3 equipas espanholas nas duas finais europeias. E não fosse o Liverpool e fariam o pleno com o Villarreal. E num grande ano espanhol (mais 1), há mais uma equipa que se destaca: o Celta.

A duas jornadas do fim da liga espanhola, o Celta de Vigo ficou fora da luta pelo 4º lugar.  Na última jornada perderam o 5º lugar. Mas nada disso abala a fantástica prestação do Celta nesta temporada. Uma equipa que em 2012/13 se salvou da descida na última jornada, regressa às competições europeias com todo o mérito.

Mas um 6º lugar poderá não parecer tão excepcional quanto isso. E não é. Porque mereciam o 4º. E muito provavelmente teriam conseguido não fosse a lesão do seu melhor jogador: Nolito.

O Celta foi das equipas com mais responsabilidade no campeonato espanhol. Cada jogador sabe a sua função e respeita-a ao limite, pois sabe que não o fazendo a equipa sofrerá com isso.  Toda a equipa está dependente de todos os elementos. E é lutar até ao fim...

https://www.youtube.com/watch?v=XA2Qb1h8Qsg

Quando se organiza para atacar, o Celta procura quase sempre Nolito. Bola num flanco e variação do mesmo com o espanhol (ex-Benfica) a assumir esse papel. Por vezes vemos Hugo Mallo (lateral) a fazê-lo do outro lado também. O adversário tem de vascular e assim abrir espaços na zona central.

Defensivamente, o Celta é muito unido. A pressão é individual e agressiva. O portador da bola mal respira até ter alguém a morder os calcanhares. Com as linhas afastadas entre si, há espaço entre linhas para os adversários aproveitarem. Mas o tempo é escasso pois a pressão é muita. E o mais impressionante é que a pressão é quase sempre até o adversário recuar ou perder a bola.

Quando o adversário perde a bola, a velocidade entra em jogo. Poucos toques na bola e rapidamente está a bola nas costas da defesa, e algumas vezes com o avançado isolado frente ao guarda-redes.

A reacção à perda é semelhante à organização defensiva, mas ainda mais agressiva. Cada um pressiona o seu, sendo que o portador da bola é sofucado. Não há cansaço nesses momentos. Ou o adversário perde a bola ou é obrigado a esticar o jogo ou então a recuar.

Velocidade e intensidade no jogo foram as principais características deste Celta.


Nolito foi a estrela da companhia. Mas há mais: Jonny, Hugo Mallo, Aspas, Orellana, Wass... Muito talento naquela equipa.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Um SCP diferente

É impossível falar da época do SCP sem falar de Jorge Jesus. A sua troca do Benfica para o Sporting teve um impacto tremendo no futebol português. Tratou de acalmar os adeptos referindo o objectivo de lutar pelo campeonato. Não haviam promessas, não haviam garantias.

Em pouco tempo, o SCP ganhava a Supertaça ao rival SLB e liderava o campeonato. Logo ali se percebia que ia ser uma época diferente. Aliás, o SCP não lutava pelo título até à última jornada desde 2006/07 com o SCP de Paulo Bento a não conseguir ultrapassar o FCP de Jesualdo Ferreira.

E a realidade é que o SCP fez um campeonato tremendo. 27 vitórias, mais 3 que o recorde do clube. 79 golos marcados, o melhor registo do clube em mais de 40 anos. Venceu FCP e SLB nos seus respectivos estádios e apenas perdeu para o SLB em casa, uma derrota que viria a ser fatal.

O futebol era entusiasmante. Jorge Jesus trouxe a sua dinâmica de um 4-4-2, quase 4-2-4, a grande velocidade como habitual. Mas o mais impressionante esteve nas mudanças na equipa, sem perda de grande fulgor. E 2 tipos de mudanças:
-       Ora médios a extremos, ora extremos a laterais, ora avançados a extremos, ora extremos a médios ofensivos. Quase toda a equipa parecia assimilar funções com naturalidade. João Mário e Bryan Ruiz ilustraram muito bem essa mobilidade.
-      Em poucos meses, Jorge Jesus revolucionou a defesa. De João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo e Jefferson; Jorge Jesus passou a apostar em Schelotto, Coates, Semedo e Bruno César.

Alguns jogadores conseguiram levar o seu jogo a outro nível, com Slimani e João Mário como expoentes máximos.
A Slimani e João Mário, juntam-se Adrien e Bryan Ruiz como os grandes jogadores deste campeonato leonino. O 5º elemento será provavelmente Teo Gutierrez com os seus 15 golos, alguns deles em momentos decisivos.

Do lado oposto, João Pereira e Barcos revelaram-se apostas falhadas. Já André Martins tarda, talvez demasiado, em afirmar-se.

Apesar de Marco Silva ter conquistado a Taça, sentiu-se que esta equipa do SCP estava mais perto de tudo. Resta saber no entanto se na próxima época terão um bom rendimento nas competições europeias, fundamental para os clubes portugueses.

Este SCP esteve também envolvido em muitas lutas e picardias fora do campo. E quando por vezes se vê esse espírito no campo, parece que desta feita Jorge Jesus conseguiu unir o adversário quando não estava numa fase óptima.

sábado, 14 de maio de 2016

Balanço da "pré-época" do FC Porto


Após a derrota no Dragão frente ao último classificado (Tondela), Jorge Nuno Pinto da Costa referiu que a partir daquele momento, o clube passaria por uma espécie de pré-época para decidir quem teria lugar no clube.

Mais de 1 mês depois, e 6 jogos realizados, o FC Porto conta com 4 vitórias e 2 derrotas. Os resultados não foram os melhores, mas em pré-época não é o que mais importa. E afinal, que balanço desta pré-época?

Comecemos por José Peseiro.
O treinador português recebeu um barco tremido. A massa adepta do FC Porto estava descontente com liderança de Lopetegui e queria mudança. Mas Peseiro não era o treinador necessário. Não é um treinador de forte presença como são por exemplo André Villas-Boas ou Jorge Jesus.
A equipa não evolui como desejado. E neste último mês, a equipa não mostrou crescimento efectivo nas diferentes fases do jogo. A derrota com o Sporting CP colocou ainda mais a nu essa situação.
Por fim, o discurso: como referido anteriormente, Peseiro não é um treinador de grande carisma. Não mexe com a imprensa, não agita as águas, não se assume à frente da equipa. E o FC Porto precisa disso. As justificações que tem dado perante fracos resultados não descansam os adeptos.
Concluindo, José Peseiro poderá não ter mostrado ser o líder necessário para o novo FC Porto que Pinto da Costa prometeu.

E a equipa? Será suficiente com os reforços já anunciados (Rafa Soares, Otávio, Josué...)?
Alguns jogadores tiveram oportunidades. José Angel, Marcano, Varela, André André, Ruben Neves, André Silva, etc. Jogadores menos utilizados com novas oportunidades.
Numa equipa com fraco rendimento e baixa confiança, é normal não vermos grandes desempenhos individuais. Ainda assim, há jogadores que aproveitaram a oportunidade e outros que nem por  isso.

As boas notícias:

Danilo é sem dúvida o grande reforço desta época. Mas já o demonstrava há muito. A surpresa parece ser Sérgio Oliveira, que nos últimos jogos se destacou quase sempre como um dos melhores em campo. A estes juntam-se Layun, Maxi e Herrera que, mais ou menos consistentes, tiveram bons desempenhos.

As más notícias:
Marega e Suk confirmaram-se como reforços desnecessários. Sobretudo o primeiro. Brahimi teve uma época para esquecer. Marcano e Indi nunca mostraram ser centrais indiscutíveis. E a lista continua.

O futuro:
Com o título da equipa B, o futuro do FC Porto parece ganhar uma nova esperança. Mas é preciso tempo e paciência e resta saber se o clube está disposto a isso. Chidozie entrou muito bem na equipa mas tem falhado nos jogos seguintes. André Silva mostrou muito valor na equipa B, e embora com bons apontamentos na equipa principal, mostra-se muito ansioso para conquistar o seu lugar.

A final da Taça de Portugal será o grande teste à equipa. Treinador e jogadores. Aí, não haverá espaço para experiências.