terça-feira, 25 de outubro de 2016

A nomeação mais que merecida de Rui Vitória

Rui Vitória está nomeado para o prémio de melhor treinador do ano. Será muito difícil vencer o prémio e obviamente que outros o merecem mais. Mas para um treinador que “não tinha mãos para um Ferrari”, que “só copia as ideias dos outros” ou que “não é treinador”, não está nada mal.

A entrada de Rui Vitória no Benfica não foi pacífica. Os pedidos por Marco Silva, os insultos a Luís Filipe Vieira por não renovar com Jorge Jesus ou até o apelido “Rui Derrota”, demonstram em parte a dificuldade que Rui Vitória teve ao entrar no seu clube de coração.

À nomeação para melhor treinador do ano, junta-se agora outra homenagem. A UEFA decidiu destacar a estatística do treinador português desde que começou no Benfica até ao dia de ontem. E porquê ontem, quando Rui Vitória leva 64 jogos pelos encarnados, número nada símbólico ou arredondado? Porque Rui Vitória chegou no Domingo à vitória 50 e aos 150 golos.


Mas afinal esta marca merece assim tanto destaque, ou estará a UEFA apenas a destacar por Rui Vitória poder ganhar um prémio de gabarito? Comparemos com alguns treinadores que fizeram números bem interessantes em Portugal:


-       Jorge Jesus, nos seus primeiros 64 jogos pelo Benfica, alcançou 45 vitórias com 142 golos marcados.

-       José Mourinho, nas duas épocas em que venceu tudo no FCP, conseguiu 48 vitórias e 139 golos nos primeiros 64 jogos. Se contarmos os primeiros 64 jogos de Mourinho os números são idênticos: 48 vitórias e 143 golos marcados.

-       Eriksson, que fez duas épocas sensacionais no Benfica nos anos 80, conseguiu 48 vitórias e 154 golos nos seus primeiros 64 jogos.

Rui Vitória não é o melhor treinador de sempre em Portugal, nem sequer o melhor treinador de sempre do Benfica. Mas é um treinador poderá ficar na história, bastando-lhe para isso manter o registo que tem.

Rui Vitória tem melhores números que Jesus, Mourinho ou Eriksson em 64 jogos. É por isso perfeitamente compreensível que seja um dos nomeados para o melhor treinador do Mundo.



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A birra compensou?

Em Portugal é cada vez mais comum vermos jogadores que mal chegam a um dos 3 grandes pensam desde logo em sair. Os 3 grandes são vistos como uma ponte para altos voos.

Numa fase onde vemos jovens jogadores decididos a vingarem nos seus clubes, é importante estabelecer um paralelismo entre as diferentes posturas que alguns jogadores têm.

Lindelof foi um dos jogadores mais cobiçados do mercado. Não quis sair. Quis ficar, jogar e crescer. Podia neste momento ser titular numa equipa de meio da tabela dos principais campeonatos europeus ou ser suplente num tubarão europeu.
André Silva estava numa situação semelhante, embora com menos cobiça, por ser uma revelação mais recente. 
A Gelson Martins chegarão também propostas, cabendo ao jogador a decisão final. Para já, parece que o jogador irá renovar com o Sporting.

Estes exemplos são muito importantes. Sobretudo vindos de jogadores jovens. Jogadores que poderão ser o futuro dos seus clubes não só com a sua presença mas também com a mensagem que passam para os mais jovens, ainda a jogar nas academias.


Por outro lado temos os exemplos de Jackson Martinez, Enzo Perez ou Bruma. 3 bons jogadores, com valor reconhecido mas que poderiam perfeitamente estar numa melhor posição. Nada garante que a conseguiriam se ficassem nos seus clubes. Mas pelos menos, as birras, mais ou menos públicas, seriam evitadas. Imaginem um miúdo de 13/14 anos a ver um dos símbolos/promessas do clube a esforçar-se tanto para sair. Imaginem se essas saídas resultassem num sucesso desportivo estrondoso. Como iriam atuar quando chegasse a sua vez?

Jackson Martinez era um dos melhores pontas-de-lança da Europa. Era capitão do FC Porto e uma das maiores referências da equipa. Sempre a ameaçar com a saída, acabou por trocar a hipótese AC Milan pelo Atlético de Simeone. Não era titular, e quando o era não mostrava merecer ser. Foi para a China, onde nem sempre é titular. Saiu da seleção colombiana dando lugar a Teo Gutierrez. Jackson juntou-se ao clube dos “jogadores ricos mas esquecidos”.

Enzo Perez será o que mais sucesso desportivo teve desde a sua saída. Mas não significa muito. Ainda que o Valencia tenha bastante nome e reputação, o clube atravessa uma má fase e anda pelo 2º ano consecutivo na segunda metade da tabela. Ainda ao serviço do Benfica, Enzo Perez foi titular na final do Mundial no Brasil. Um sonho para qualquer jogador de futebol. Actualmente não conta para a seleção, tendo sido utilizado apenas por 4 minutos para queimar tempo.

Por fim, Bruma pertence a outra categoria. Formado no Sporting, aproveitou oportunidade na equipa principal para sair de imediato. Rumou ao Galatasaray, onde jogou muitos minutos mas com rendimento inconstante. Foi emprestado à Real Sociedad onde fez muitos bons jogos. Regressou ao Galatasaray numa época em que o clube não participa em competições europeias. É presença assídua nos escalões jovens de Portugal, mas enquanto isso vai vendo Gelson Martins, Rafa e Bernardo Silva a jogar no escalão principal.

Resumindo, a birra compensou? A nível desportivo, claramente que não.