terça-feira, 3 de outubro de 2017

Os 10 jogos inesquecíveis da seleção em fases finais

Portugal terá brevemente dois jogos decisivos que definirão se participaremos ou não no Mundial 2018.

Para quem acompanha a seleção apenas desde o início deste século, pode pensar que Portugal estará naturalmente na fase final. Mas a verdade é que antes do Euro 2000, Portugal esteve apenas em 4 fases finais: Mundial 1966, Euro 1984, Mundial 1986 e Euro 1996.

Na escolha destes 10 jogos memoráveis foi tido em conta apenas um jogo por cada fase final. As memórias positivas foram valorizadas em detrimento das negativas, mas nem sempre isso faria sentido.

Fases finais que contaram com a presença de Portugal:
Mundial: 1966, 1986, 2002, 2006, 2010, 2014
Europeu: 1984, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012, 2016

Seguem então os 10 jogos inesquecíveis nestas fases finais, organizados por ordem cronológica:



Foi a primeira fase final que contou com Portugal. No apuramento para o Mundial 1962, Portugal perdeu inclusivamente com o Luxemburgo; e para o Europeu de 1964 fomos eliminados pela Bulgária.

Quando Portugal entrou em campo em Inglaterra, a expectativa de todo o Mundo era que a equipa das quinas ficasse pelo caminho. Porém vencemos os 3 jogos (incluindo o Brasil campeão do Mundo – onde jogava Pelé) e surpreendemos o Mundo.

No jogo frente à Coreia, Portugal já era bem mais respeitado. Mas ninguém antevia o que acabaria por acontecer em Goodison Park. Aos 25 minutos, Portugal perdia por 3-0. Aí começou o espectáculo Eusébio. 3-2 ao intervalo, 5-3 no final do jogo.

Portugal virava um jogo e Eusébio conquistava o Mundo. Foi uma das mais brilhantes revira voltas da história do futebol e num Mundial.



Apesar de Portugal ter feito um apuramento quase imaculado, a presença de Alemanha e Espanha no grupo limitavam as hipóteses portuguesas na prova.

A fase de grupos foi bem disputada e apenas se decidiu no fim da terceira ronda. Dois golos nos 5 minutos finais (um de Portugal à Roménia e um de Espanha à Alemanha) permitiram-nos ultrapassar os bávaros para o acesso às meias-finais.

Contra os grandes favoritos, a França de Platini, Fernandez e Tigana, Portugal entrou a perder. Mas a dupla Chalana/Jordão conseguiu construir a reviravolta. Uma reviravolta muito merecida. Na segunda parte do prolongamento, a França também virou o jogo a seu favor eliminando a seleção da final. Era o primeiro capítulo de uma rivalidade forte com os franceses.



Depois de falhar o Mundial 1998, Portugal apostou para regressar aos grandes palcos. Mas depois de o conseguir, poucos foram os portugueses que não baixaram os braços após o sorteio. Alemanha, Inglaterra e Roménia (a única equipa que nos venceu na qualificação) ditavam um destino complicado.

Para começar jogávamos logo contra os ingleses. A Inglaterra tinha desiludido no apuramento precisando do play-off (e de suar frente a uma Escócia batalhadora).

Aos 18 minutos, dois cruzamentos de Beckham resultavam em dois golos e estávamos já a comprometer toda a competição. Até que surge Figo. O 7 português pega na bola no meio-campo português e vai sozinho contra toda a defesa inglesa, desferindo um potente remate que entra no ângulo da baliza inglesa. Pouco depois, uma série de passes da seleção terminam num cruzamento de Rui Costa e mergulho de João Pinto para o empate e desmoralizando o adversário. Na segunda parte, Nuno Gomes leva os portugueses à loucura com a reviravolta.

Uma grande jogo de uma das melhores equipas da competição.



Depois de um Euro 2000 fantástico e de um apuramento para o Mundial quase imaculado, as esperanças eram muitas para a estreia asiática na organização.

Mas tudo correu mal desde o início. O estágio em Macau, as histórias do hotel português, a cabeça perdida dos jogadores.

Neste jogo, e após perder 3-2 com os EUA e golear a Polónia, Portugal precisava apenas de um empate para se qualificar. Mas se Portugal empatasse, a Coreia corria o risco de ficar de fora do Mundial.

O jogo foi fraco, mas com várias situações de golo. Perdemos, mas poderíamos ter ganho (enviamos uma bola ao poste)

No entanto, a imagem que fica será memorável pelos piores motivos, sobretudo pressão/agressão ao árbitro do jogo. Foi um momento difícil mas que serviu como impulsionador para  mudar muita coisa.

De salientar ainda que não foi apenas Portugal que deixou uma má imagem. O Mundial 2002 é visto como o pior Mundial da era moderna e ficou marcado pelas arbitragens vergonhosas a favorecer a Coreia. O confronto dos coreanos com a Itália é surreal.



Foi um dos momentos mais emotivos da história da seleção nacional. Tivesse sido na final e teríamos muito portugueses nos hospitais por problemas cardíacos e de ansiedade.

O início da prova foi conturbado. Scolari decidiu relegar uma estrutura base do FC Porto (campeão europeu) para o banco e acabou penalizado. A pressão foi muita, e Scolari cedeu. E a caminhada começou aí.

Nos quartos-de-final, Portugal encontrava a Inglaterra. Uma Inglaterra que mostrou na fase de grupos ser uma das favoritas à vitória na prova (derrota azarada frente à França).

O jogo começou a lembrar o confronto de 2000, com um golo inglês aos 3 minutos. Passaram-se 80 minutos até Postiga igualar o marcador. Perto do fim, a Inglaterra envia a bola à barra e vê o golo de recarga anulado. No prolongamento, Rui Costa coloca Portugal na frente com um golo fantástico, mas Lampard empataria logo depois.

Nos penalties, Beckham escorrega e falha. Depois de Deco e Simão marcarem, Rui Costa falha também. Depois do penalty de Hélder Postiga (à Panenka), Ricardo decide tirar as luvas e defende o penalty de Vassel. O guarda-redes pega na bola, coloca na marca e fuzila David James colocando a Portugal nas meias-finais.



Depois da final perdida no Euro 2004, Portugal qualificou-se com distinção para o Mundial na Alemanha. Pelo caminho ficaram vitórias como 7-1 à Rússia e 6-0 ao Luxemburgo.

O grupo era acessível e Portugal cumpriu a missão. Primeiro lugar assegurado, e seguia-se a Holanda que tinha ficado atrás da Argentina pela diferença de golos.

Foram 4 vermelhos e mais de 10 amarelos mostrados. O jogo foi dividido, com a Holanda a ter oportunidades para empatar (uma bola à barra), mas que ficou marcado pelos constantes cartões a saírem do bolso do árbitro.

Mas quem olha para o árbitro como o culpado deste jogo falado em todo o Mundo, engane-se. Ficaram vermelhos por mostrar e se o jogou não acabou mais cedo, foi mesmo porque a equipa de arbitragem fechou os olhos a muitas coisas.



Portugal entrou no Mundial 2010 empatando com a Costa do Marfim. Tendo o jogo com o Brasil como decisivo para passar, precisava de vencer a Coreia e por vários golos, porque uma vitória curta poderia deixar-nos dependentes de uma vitória aos brasileiros.

A Coreia não era um adversário forte, mas a derrota por 2-1 com o Brasil e vantagem por 1-0 de Portugal ao intervalo não faziam prever o que se passou a seguir.

Portugal jogava a seu belo prazer e a Coreia via jogar. Uma goleada história para Portugal, que viu Ronaldo marcar um golo cheio de ressaltos e ficou na memória.

Foi reportado mais tarde que os coreanos foram castigados pela humilhação em Cape Town.



Portugal entrou no Euro 2012 com uma derrota frente à Alemanha. Seguia-se depois a Dinamarca que tinha vencido a Holanda. Com 0 pontos, mais uma derrota e Portugal ficaria fora da prova. Um empate e Portugal dependeria de terceiros para passar.

O jogo começou bem. Pepe adiantou o marcador na sequência de um canto. Pouco depois, Postiga aumentava o marcador. A 5 minutos do intervalo, uma distração defensiva permite o golo aos dinamarqueses. A 10 minutos do fim, Bendtner bisa e iguala o marcador.

Com o empate, Portugal teria de vencer a Holanda e esperar que a Alemanha vencesse a Dinamarca, sendo que no final ainda precisaríamos de diferença de golos melhor que os dinamarqueses.

Mas 3 minutos do fim, Coentrão recupera a bola, ultrapassa 2 adversários e cruza. Varela falha o remate, ouve-se o festejo irónico dos dinamarqueses, mas Varela tenta novamente e faz o golo colocando Portugal a depender apenas de si para continuar em prova.

Acabaria por ser uma excelente participação portuguesa, apenas interrompida pela Espanha (grandes penalidades) nas meias-finais.



Depois do desastre frente à Alemanha (4-0) , Portugal poderia dizer adeus ao Mundial se perdesse com os americanos.

O jogo começou bem. Aos 5 minutos Portugal já vencia, mantendo a vantagem até ao intervalo. Mas a segunda parte foi bem diferente. Depois de Ricardo Costa salvar um golo em cima da linha, os americanos acabariam por virar o resultado, conseguindo o 2-1 a 9 minutos do fim.

Com a derrota, Portugal ficaria arrumado desde logo. Mas aos 95 minutos, Ronaldo cruza e Varela finaliza de cabeça colocando Portugal na disputa por um lugar no apuramento.

No último jogo, Portugal venceu o Gana, mas a goleada sofrida com os alemães acabaria por ditar o afastamento da equipa.



A confiança do treinador era imensa, mas o futebol era pouco. Num grupo com Hungria, Áustria e Islândia, Portugal conseguiu 3 empates. O apuramento para os oitavos-de-final foi conseguido por termos um 4-4 no que respeita a golos marcados e sofridos, enquanto a Turquia tinha 2-2.

Oitavos-de-final decidido no prolongamento, quartos-de-final decidido nos penalties. Contra o País de Gales (sensação da prova – a par da Islândia), Portugal fez um grande jogo, aumentando as expectativas para a final de Paris.

Euro 1984, Euro 2000, Mundial 2006: 3 vezes eliminados pelos franceses nas meias-finais. Em todas elas, merecíamos melhor sorte.

Aos 25 minutos, uma entrada de Payet sobre Ronaldo, coloca o melhor do Mundo fora do jogo. A sorte que já merecíamos com os franceses não aparecia.

Aos 79 minutos, Éder, o jogador mais criticado de todo o grupo, entra para substituir Renato Sanches.

Aos 92 minutos Gignac atira ao poste da baliza portuguesa. Seria agora? Estaria o nosso fado a mudar?
Aos 108 minutos, Raphael Guerreiro acerta na barra na conversão de um livre directo. Voltavamos ao mesmo...

Aos 109 minutos, Éder chuta o peso de uma nação para dentro das redes franceses, construindo o capítulo mais belo do futebol português.